segunda-feira, 30 de abril de 2007

Está tudo verde Sporting

Este fim de semana tive a visita do meu pai. Foi mais ou menos uma visita relâmpago, mas ainda deu para apanhar umas temperaturas fantásticas de uns 25ºC, mas também uns ventos primaveris um pouco desagradáveis. Fomos visitar alguns sítios interessantes onde se via bem que a Primavera já chegou a Varsóvia. Está tudo muito verdinho e bonito, por toda a parte onde se anda encontram-se flores e mais flores, sejam em canteiros ou em bancas de vendedores de rua.
Lá fui eu na 6ª feira de carrito buscá-lo ao aeroporto. Claro que na véspera à noite tive de treinar o percurso para não me enganar. Correu tudo bem e o regresso também, sem problemas. Estava imenso calor nesse dia. No sábado almoçámos numa esplanada a desfrutar do bom tempo (que depois ao fim da tarde começou a virar). Depois estivemos no Las Kabacki, uma reserva natural na parte sul de Varsóvia. Passámos num sítio onde há uns dez anos houve um acidente de avião e onde há um pequeno memorial. É curioso ver que nessa zona as árvores são muito mais fininhas do que em todo o resto do bosque. Isto porque quando o avião caiu arrasou com aquela zona. Parece que quando o piloto viu que não tinha hipótese, desviou o avião para ali, para não cair no meio da cidade.
Continuando no capítulo das desgraças, visitámos também a Cytadela, uma grande fortaleza construida pelo czar da Rússia no século XIX, quando os russos dominavam a Polónia. Era uma espécie de prisão onde eram executados todos aqueles que se opunham ao regime. Actualmente grande parte da Cytadela pertence ao exército e está fechada ao público. Só se pode visitar uma parte, que tem um pequeno museu (que já estava fechado quando lá fomos). Curiosamente esta zona não foi muito destruída durante a IIª Guerra Mundial. É uma área bastante grande, algumas zonas já estão muito degradadas, outras foram destruidas por motivos vários.
O que tem piada nesta época do ano é que de facto toda a gente quer aproveitar o bom tempo. No fim de semana, é ver centenas de pessoas a passear de bicicleta, de patins ou mesmo a pé, nas ruas, nos parques, etc. No domingo, já depois da partida do meu pai, ainda aproveitei para ir apanhar algum solzinho numa parte do Las Kabacki que está arranjada para as pessoas poderem ir lá jogar ténis, ping-pong, xadrez, cartas, nadar na piscina (só no verão), as crianças brincar num parque infantil, fazer churrascos, piqueniques, fogueiras, etc, etc. É engraçada, esta zona. Ao princípio estranhei estarem tantas pessoas com fogueiras acesas, a assar salsichas e outras coisas que eu sei lá, e ninguém pegar fogo ao bosque. Mas depois reparei que há uns polícias permanentemente a fazer uma ronda e a prevenir estas coisas. É um sítio muito agradável, como a maioria dos parques aqui.
Esta semana na Polónia é o equivalente aos nossos feriados de Junho (isto mais para os lisboetas que para o resto do país). Dia 1, como em toda a Europa (acho), é feriado e dia 3 também. Ou seja, é uma semana em que dá para se tirar umas boas férias. Eu, como estou permanentemente de férias (isto é um bocado relativo, mas por agora pode ser chamado assim), não sinto tanta diferença. Ainda não sei se vou passear a algum lado especial. Depois conto se for.

terça-feira, 24 de abril de 2007

Trimestre novo, turma nova

De volta a Varsóvia, retomam-se algumas rotinas. Hoje lá voltei às aulas de polaco na universidade, à mesma hora brutal do trimestre anterior. Pus o despertador para as 6h30 porque ainda tinha de ir comprar o passe (sim, aqui é possível comprar o passe antes das 8h da manhã) e de pagar o novo trimestre do curso de polaco. Só que às 5h45 já estava a acordar... É verdade que o Inverno aqui é uma seca porque os dias são minúsculos, mas deixem-me dizer que esta época do ano é uma seca pelo contrário!!! Desde que regressei que quase todos os dias acordo a horas tipo esta a achar que já são umas 9h ou algo por aí. O mal dos polacos é não terem cortinas de jeito nas janelas, nem estores. O sol agora nasce por volta das 5h20, então a luz começa a aparecer cedíssimo!
Lá me levantei um pouco mais tarde (se é que isso é possível) e parti em busca do passe. Não foi fácil comprá-lo, tive de andar de Herodes para Pilatos durante um bocado até que consegui. Quando cheguei ao Polonicum reencontrei o professor e o colega alemão. Mais tarde na aula apareceram também os coreanos meio-estranhos que nunca ninguém percebe muito bem. De resto, a turma era toda nova. Há dois brasileiros, uma filipina, um dinamarquês e uma ucraniana. Já me tinha esquecido como tem piada ouvir os diferentes sotaques a pronunciar o polaco. Quem mais me surpreendeu foi o dinamarquês (nunca tinha conhecido ninguém daquela zona, nem sei bem como soa a língua deles) e a ucraniana. Ele tinha alguma dificuldade com certos sons (bem... toda a gente tem dificuldade com os sons polacos!!), mas era muito engraçado sentir o sotaque dinamarquês. E a ucraniana... é totalmente como nós costumamos gozar com a língua russa! Indescritível. Uma forma um bocado fechada de falar, muito característica. Fico baralhada é quando o professor lhe explica alguma coisa e fala em russo... Aconteceu várias vezes não saber ao certo que língua é que eles estavam a falar, porque umas vezes era polaco, outras russo. Ficava sem saber se era normal eu não estar a perceber ou nem por isso. Quero ver se vou investigar melhor estas duas línguas, dinamarquês e russo, que parecem ter alguma piada. Mas parece que o russo é mais difícil que o polaco... nunca pensei que isso fosse possível!

segunda-feira, 23 de abril de 2007

De um Euro para outro Euro

Cheguei a Varsóvia no rescaldo da vitória da candidatura da Polónia e da Ucrânia para a organização do Euro 2012. Depois do Euro 2004 só me faltava agora apanhar o Euro 2012 na Polónia! Para já, vão ser estádios novos, novas auto-estradas, aumento da linha do metro, entre outras tantas coisas que irão ser melhoradas. Isto significa que a Polónia agora está em grande! Para já, já comecei a receber pedidos de alojamento naquela que será também minha casa. Daqui a uns dias vou abrir a lista de espera para as desistências que poderão haver até lá. Quem se quiser inscrever, é só dizer!

domingo, 22 de abril de 2007

Estou de volta

Já percebi que deve haver uma lei de Murphy qualquer que diz que sempre que eu quero escrever aqui, surge um obstáculo qualquer. Agora vou aproveitar apenas uns minutinhos para dizer qualquer coisa...
Cheguei a Varsóvia!!! Ok, não foi hoje, mas sim há uns 4 dias... Tive sorte que os voos sairam todos à hora. Tinha apenas uma hora de intervalo entre os voos e consegui fazer tudo nas calmas. Em Zurique, ainda dentro do avião apareceu num ecrãzinho o número das portas de embarque de todos os voos de ligação e um mapa do aeroporto. Quando aterrámos comecei a olhar para o aeroporto e reparei que o meu terminal aparecia completamente isolado no meio das pistas. Achei aquilo muito estranho e pensei que se calhar não era aquele e havia um engano qualquer. Afinal era mesmo aquele e de facto não tem nenhum acesso à superfície; só se consegue chegar lá através de um comboiozito subterrâneo (não sei porquê não gosto de lhe chamar metro... acho que não tem cara disso!), comboio este que demora um minuto a fazer o trajecto, mas que tem como banda sonora sons típicos das montanhas suíças, desde os instrumentos tradicionais, aos diferentes animais, etc. A certa altura nas paredes do tunel aparecem várias imagens das montanhas, de forma a que o comboio quando passe na sua velocidade normal as imagens pareçam estar em movimento. Em suma: uma cromice desmedida!! No fim disto descobri que este supostamente era o terminal dos voos intercontinentais... Qualquer dia hei-de ter uma conversa séria com os suíços sobre a Polónia.
Cheguei a Varsóvia às 19h30 e... ainda era dia!!! Estava um pôr do sol com umas cores indescritíveis, absolutamente lindíssimas, uma mistura de vermelho e laranja espetacular. Só foi pena o cenário ser o aeroporto. Dentro do aeroporto pela primeira vez ninguém comentou o meu passaporte. Senti-me muito desconsiderada! Normalmente comentam que é muito giro, ou que é novo, ou outra coisa qualquer que inventam na hora. Mas desta vez nada. Já se devem ter habituado.
De resto, por aqui está tudo bem. A Primavera já chegou em força à Polónia, a cidade está toda bem verdinha e toda florida. Já tirei algumas fotos, mas isso mostro depois, num post adequado.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

A Páscoa na Polónia

Na semana passada estive num encontro no museu etnográfico feito para estudantes do Polonicum sobre a Páscoa na Polónia. A minha turma baldou-se toda, só fui eu. Os outros estrangeiros eram todos tipicamente erasmus, com o seu estilinho inconfundível. Três senhoras vestidas com trajes típicos de diferentes regiões polacas falaram sobre as tradições da Páscoa, traduzidas para inglês por uma senhora que falava aos berros ao microfone, com sotaque à "Allo Allo" (o sotaque inglês preferido dos polacos) e carregava cada palavra com imensa força. No fim, acabou por nos desejar um feliz Natal...
No fim, tínhamos uma mesa cheia de bolos típicos à nossa disposição e duas senhoras a ensinar técnicas de decorar ovos. Eu estive a decorar com papel colorido e uma cola artesanal. Claro que foi com grande ajuda da senhora, porque eu para trabalhos manuais sou um desastre. A outra técnica, que era com cera e tintas, eu já conhecia. Estive um dia em casa da Júlia com umas amigas dela a pintar ovos com cera. Ficam muito engraçados. Estes ovos podem ser cozidos e depois comem-se no Domingo de Páscoa, ou então furam-se e limpam-se por dentro. De qualquer maneira são muito frágeis.
Os ovos decorados são algo tipicamente desta época na Polónia. Por toda a parte podemos comprá-los - a maioria artificiais, acho. As técnicas mais comuns, pelo que me disseram, são a de pintar com cera ou então de cozer os ovos com cascas de cebola (para ficarem acastanhados) e depois com um objecto afiado ir lascando bocadinhos da casca e fazer um desenho. Esta nunca tentei, mas as outras duas têm imensa piada.
Outra tradição daqui são as palmas que se usam no Domingo de Ramos. Como aqui não há palmeiras (bem... havia uma artificial horrorosa numa rotunda, mas acho que já se desfez), eles criaram estas palmas, como lhes chamam. São feitas com flores secas e podem ter todos os tamanhos. Em algumas regiões fazem uma espécie de concursos de palmas, a ver quem faz a maior.
Há ainda uma outra tradição, que eu acho completamente absurda e felizmente não vou estar cá nessa altura. Na segunda-feira a seguir à Páscoa é normal as pessoas atirarem água umas às outras. Mas não são uns pequenos salpicos, são mesmo baldes de água! Brincadeirinhas parvas...
O que mais achei piada daquele encontro para erasmus (no fundo era isso) foi de a Páscoa ser sempre referida como uma festa de tradição. As pessoas vão à igreja por tradição, basicamente foi o que disseram. Ou seja, o significado da Páscoa, na prática, são uns ovinhos, umas palmas, uns doces. Claro que se alguém decidir ir mais além e analisar cada um destes simbolos, por mais tradicionais que sejam, vai perceber realmente de que se trata a Páscoa. Caso contrário, e segundo aquilo que me pareceu ouvir no museu, a Páscoa é apenas mais um motivo para as pessoas se reunirem e comerem bem. Ao que nós já chegámos!