sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Outra ida ao médico

As idas ao centro de saúde aqui na Polónia dão sempre vontade de contar. Há sempre um ou outro pormenor interessante. Ontem fui a uma consulta de otorrinolaringologia ao centro de saúde. Quando lá entrei, passado pouco tempo já estava a suar. Não faço ideia como é que eles regularam os caloríferos, mas estava um calor exagerado. Para quem está constipado, isto não ajuda nada. Deixei o meu casaco no bengaleiro na entrada e dirigi-me à zona da laryngologia, como eles lhe chamam. Fiquei logo assustada quando vi a quantidade de pessoas sentadas à espera. Supostamente tinha marcação para as 19h. Eram 18h40 quando cheguei (preferi chegar com antecedência) e estavam 5 pessoas à espera... Mentalizei-me logo que ia ter de ficar ali uma eternidade. Passado um bocado, abre-se a porta do gabinete e aparece uma enfermeira com um papel na mão e a chamar um nome. A pessoa em questão levantou-se e dirigiu-se ao gabinete. Nesse momento, outra ao meu lado começa a reclamar, porque diz que estava marcada para as 18h15. A enfermeira perguntou-lhe o nome, olhou para o papel e disse que não, que estava para mais tarde. A senhora ainda rabujou, mas não lhe serviu de nada. Um homem também começou a falar com a senhora, a perguntar quando tinha marcação, ela olhou para o papel e disse que o nome dele não aparecia. Ele explicou que tinha estado lá de manhã a combinar, mas não serviu de nada. Porta fechada e ponto final. A senhora das 18h15 entretanto começou logo a mandar vir em voz alta, com frases do estilo: "Parece que voltámos ao tempo dos comunas, etc". Claro que entretanto outras pessoas começaram também a opinar e tal. O homem começou a contar a história toda da sua marcação inexistente e assim se gerou um ambiente típico de reclamação, todos a dizerem mal do serviço de saúde. Quando se acalmaram (entretanto entrou a senhora das 18h15), comecei a ouvir de dentro do gabinete uns berros interessantes, voz de homem. Pensei que ela estava a mandar vir com o médico e ele lhe estava a responder. Do outro lado do corredor, à porta de outro gabinete, uns pacientes também trocavam comentários pouco agradáveis em relação a quem seria o próximo a entrar.
Para minha grande surpresa, às 19h a enfermeira apareceu a chamar-me. Passei à frente de quase todos os que lá estavam. Entrei e afinal não foi tão mau. O médico não era nenhum monstro, nem que quis atacar. Foi super despachado - talvez despachado demais para o meu gosto. No fim, saí de lá e fui directamente à farmácia aviar a receita. Passou-me uma lista interminável de coisas, sobretudo porque alguns remédios mandou comprar logo 3 caixas de uma vez... Ou seja, aquilo que não gastei na consulta, acabei por gastar na farmácia! O mais curioso é que receitou-me um líquido para gargarejar cujo nome me soou muito familiar... Já uma vez falei dele aqui, num post sobre Chernobyl. Chama-se lugol e era o que as crianças polacas tiveram de tomar na sequência do desastre de Chernobyl, por causa das radiações. Devo dizer que achei sinistro. Bem, mas ao menos não tenho de beber aquilo, porque sabe mesmo mal (basicamente é tipo betadine...).
Tudo isto para dizer que até acho piada ir ao centro de saúde. Apesar de tudo não acho que seja mal tratada e sempre dá para ouvir umas bocas interessantes que as pessoas vão mandando umas às outras na sala de espera.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O meu primeiro concurso na Polónia

Vá-se lá saber porquê, sempre tive tendência para ganhar passatempos. Em Portugal volta e meia participava, fosse nas promoções de Verão da Coca-cola ou do Ice Tea, ou em outras variadas. Ganhei uma máquina fotográfica digital, um discman que lia mp3, uma viagem de avião, um bilhete para o Rock in Rio, eu sei lá! Não sei se foi sorte ou não, simplesmente gosto de participar e por isso de vez em quando lá aparece um prémio.
Pela primeira vez resolvi participar num passatempo na Polónia. O suplemento de um conhecido jornal polaco criou uma página de internet dedicada às mulheres, na qual pôs uma série de passatempos, talvez como "promoção de abertura". Por curiosidade fui lá ver o que havia, olhei para os vários prémios, escolhi aquele que me pareceu mais interessente - e participei nesse. Dois dias depois recebi um mail a dizer que ganhei o prémio e agora tenho de o ir lá buscar hoje ou amanhã. Vamos ver se consigo. O mais curioso é que participei tanto só por participar que nem reparei que o prémio era um conjunto de cremes para quem tem mais de 35 anos... Quem sabe, pode ser um bom presente de Natal para alguém.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Mazúria

No Verão do ano passado passámos um fim-de-semana na Mazúria. Na Polónia é conhecida como a região dos lagos, pois nela encontram-se imenso e enormes lagos. Gostei muito e fiquei mesmo com vontade de lá voltar.
Há poucos dias, em conversa com uma amiga originária da Mazúria, fiquei a saber que aquela região só há relativamente poucos anos pertence à Polónia. Durante séculos esteve sob o domínio da Prússia. Só depois da IIª Guerra Mundial passou novamente a fazer parte da Polónia. Nessa altura, como aconteceu com todo o lado ocidental da Polónia (na altura pertencentes ao Reich alemão), os habitantes da Mazúria viram-se forçados a sair das suas casas, para irem para a Alemanha. Sabia que isto tinha acontecido com os alemães que viviam em toda aquela zona da Pomerânia, Silésia, etc, etc, e com os polacos que viviam nos territórios actualmente pertencentes à Ucrânia e Bielorrússia. Não fazia ideia que o mesmo se tinha passado na Mazúria. Mas pelos vistos assim foi.
Essa minha amiga contou algumas coisas sobre a avó, que se recusou a sair da sua terra nessa altura. Diz que não se considera nem alemã, nem polaca, mas sim "mazura", se é que assim se pode dizer. Por causa disto, acabou por sofrer bastante quando os russos entraram por ali a dentro. Como era considerada alemã (pois vivia em território prusso), acabou por sofrer represálias por isso. As irmãs dela, por exemplo, tiveram vários filhos fruto de violações por parte dos soviéticos (tios desta minha amiga! Admito que faz impressão...). Eram assim, os russos. Já tinha ouvido a visão da avó do Stas, que vivia na zona oriental da Polónia, sobre eles e agora pelos vistos a avó desta amiga, de uma região completamente diferente, tem uma opinião igual. Os russos eram definitivamente bárbaros (e de certa forma continuam a ser...).
Com tudo isto fiquei então a saber que a Mazúria tem uma cultura própria e até teve (não sei se ainda tem) um dialecto próprio. Uma das nossas próximas viagens sem dúvida será para aqueles lados.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Doçaria portuguesa

Se há coisa que me chateia na Polónia é não haver cafés normais. Existem pastelarias, onde se vendem só mesmo doces, padarias, onde se vende pão e alguns bolos e os cafés, onde se vende sobretudo café, chá, algumas sandes daquelas tipo área de serviço e uns bolitos. Faz-me muita falta o café à portuguesa, onde posso comprar bolos, salgados, pedir uma torrada ou uma tosta mista, comprar um pacote de pastilhas; às vezes até comer uma sopa ou um almoço normal. Por acaso uma vez descobri um sítio no centro onde fazem tostas mistas, mas era um sítio mínimo onde não havia praticamente nada.
Os bolos na Polónia são todos um bocado exagerados. Têm muitas mariquices. Muitos cremes, muitas misturas de sabores, muitas frutas, eu sei lá! Não é que não goste deles, mas às vezes sinto falta de pedir um simples queque ou outro bolo do estilo, assim sem nada de especia. O mais parecido que encontro com isto é o pączek, e mesmo assim não tem nada a ver. Há também a babeczka (na foto, a base típica da babeczka), mas normalmente tem um creme qualquer esquisito.
Para tirar a barriga de misérias, volta e meia faço algum doce português. Em geral nunca faço nada muito complicado. Já me aconteceu várias vezes ir a uma festa ou algo do estilo e levar uma sobremesa. No início fazia mousse de chocolate (feita por mim, claro, nada de alsas nem afins), depois passei a fazer bolos, queques, etc. O mais curioso é que os polacos adoram estes nossos doces. Devem estar tão habituados a bolos ultra-elaborados, que quando vêem - e provam! - um bolo do mais normal possível, adoram! E repetem, e acabam-me logo com o dito. Bem, nem falo da mousse de chocolate, que é uma verdadeira perdição para toda a gente. Às vezes acontece-me fazer qualquer coisa só para nós cá em casa, mas infelizmente as quantidades dos livros de culinária são sempre para um batalhão. Nós, que ainda somos pouquinhos, não conseguimos nem por sombras dar cabo daquilo. Então, o Stas acaba por levar o bolo/doce para o trabalho e os colegas dele dão cabo dele em três tempos. Acho que eles são os meus maiores fãs. Mas também não admira, sou a única pessoa que lhes manda doces. Da última vez foi um cheesecake, já há algumas semanas. Só que ao que parece, já estão com saudades outra vez. Ontem o Stas chegou a casa e disse-me que eles perguntaram quando é que eu estava a pensar em fazer outro bolo...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Um Outono a resvalar para Inverno

É o terceiro Outono que passo em Varsóvia e devo dizer que estou surpreendida. Este ano a passagem do Verão para o Outono foi um bocado à bruta. Há uns dias que veio um frio horrível, daqueles em que eu já usava o casaco que usei todo o Inverno passado.
Hoje, agora de manhãzinha, estava eu a tentar adormecer depois da T nos ter acordado com qualquer pesadelo ou algo do estilo, quando comecei a ouvir o som de um despertador. Olhei para o nosso, mas não era ele (até porque ele toca rádio). Levantei-me ligeiramente e reparei que vinha do nosso termómetro. No ano passado comprámos um termómetro para o carro, mas já depois do termos comprado vimos que não tinha luz e decidimos comprar outro. Este, entretanto, aproveitámos e pusemos no nosso quarto. Assim sabemos sempre quantos graus estão na rua e em casa. Ora, o dito termómetro começou a apitar do meio do nada. Como aquilo também tem relógio pensei que alguém teria tocado sem querer nos botões e tinha ligado o despertador (àquela hora nem pensei que os termómetros do carro não costumam ter despertador). Levantei-me e quando cheguei lá perto ele calou-se. Voltei a deitar-me. Passado um bocado volta a tocar. Desta vez foi o Stas que se levantou. E afinal o que era? Como este termómetro supostamente é para um carro, começou a apitar porque na rua estavam 2,5ºC, ou seja, perigo de gelo (o que é estranho é que já o temos há um ano e nunca o ouvi a apitar...). Se já é mau demais acordar cedo com uma bebé a choramingar, saber que na rua estão quase 0ºC é péssimo. Passado um bocado diz-me o Stas que está a nevar!!... Mal podia acreditar! Fui à janela, mas não vi nada. Era só aquela neve levezinha que derrete mal toca o chão.
Neste momento já são 9h, na rua estão 0ºC e está a nevar non-stop!! Telhados brancos, carros estacionados brancos, relva branca... Só os passeios e estradas ainda não mudaram de cor, porque a neve derrete logo. Mas, por este andar, daqui a umas horas ainda vou pôr aqui uma foto de tudo branquinho.
Mas, ó meus amigos, hoje é só dia 14 de Outubro!!!! Neve??? Alguém que fale com S. Pedro, porque isto já não está a ser normal!!...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Retratos de Kazimierz Dolny

No sábado fomos passar o dia a Kazimierz Dolny. Há imenso tempo que tinha vontade de lá ir, mas nunca se tinha proporcionado. Este sábado, mesmo depois de ter arrancado um siso na véspera, lá nos metemos a caminho. Tivemos sorte, porque nos dias anteriores tinha chovido, mas naquele dia não caiu uma gota. A viagem é um bocado chata - como a maioria das viagens na Polónia, pela qualidade da estrada. Quer dizer, há zonas boas onde não dá para andar muito depressa e zonas com piso péssimo onde até se consegue andar alguma coisa de jeito. Coitadinho do nosso carro!...
Kazimierz é uma cidade situada na margem do rio Vístula. O rei Kazimierz o Grande construiu ali um castelo para vigiar o acesso por barco a Cracóvia (na altura a capital do reino). Devo dizer que o castelo tem de facto uma vista estrondosa para o rio. Era impossível alguém passar por ali despercebido. Infelizmente o castelo foi destruido durante a guerra com os suecos e depois com as partilhas da Polónia (Kazimierz ficou na parte que pertencia à Rússia), os russos não deixaram reconstruir o castelo. Anos mais tarde, no período entre guerras ainda tentaram, mas de tal modo o castelo estava degradado que não havia mesmo hipótese. Note-se que à saída da praça do mercado encontrámos um muro de uma casa curiosamente construido com pedras iguais à do castelo (típico, as pessoas roubarem das ruinas para as suas próprias casas...).
Kazimierz é uma vila que lembra um pouco o estilo de Sintra. Tem uma praça central onde há algumas casas bonitas e muitas lojas de recordações. Dizem que é típico de lá pão em forma de galo. Nós por acaso não comprámos, mas vi à venda em vários locais. Para além disso vendiam também muitas coisas de verga.
Mas em vez de estar a descrever, vou mostrar alguns pormenores interessantes da vila (se quiserem ver alguma das fotos com melhor qualidade, cliquem em cima dela).



Uma das casas bonitas da praça do mercado. Esta e a do lado têm a fachada toda esculpida, são muito bonitas.







Outra vista da praça, com umas arcadas onde há lojas e os típicos artistas que há em todos os centros de cidades...








A zona das esplanadas na praça central.








Uma fonte no meio da praça (já estava farta daqueles tipo que nunca mais saíam dali, por isso tirei a foto mesmo com eles...).







Um pormenor de uma janela e da porta principal da igreja de Kazimierz.










A vista do castelo sobre a cidade e o rio.









A torre, que fica a uns metros do castelo.










O castelo visto da torre.








Parte de cima da fachada do museu de Kazimierz.








Entrada da "Galeria do Vinho Tinto"...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

As crianças têm destas coisas

Ontem à noite e hoje de manhã andei pela casa toda à procura do ursinho de peluche preferido da T. Fartei-me de procurar e não o encontrei em lado nenhum. E agora, há coisa de poucos minutos, ela apareceu ao pé de mim com ele na mão...