sábado, 17 de abril de 2010

O dia a dia de uma família bilingue

Várias pessoas nos disseram que com a Teresa devíamos ser firmes e eu falar exclusivamente em português e o Staś em polaco. Na prática não conseguimos fazer isso e acabamos por misturar as duas línguas. Há pouco íamos no carro e a Teresa começa a dizer no banco de trás: "Pão, makaron (massa), queijinho, szynka (fiambre)". A mistura de línguas dela é absoluta. A verdade é que já começa a perceber a diferença de certos ambientes. Há dias fomos passear com umas amigas polacas e ela percebeu que ali devia falar polaco e dizia woda em vez de água, etc (quando em casa normalmente prefere dizer aguinha). Quando a Maria esteve cá agora aprendeu a dizer siadaj, que quer dizer senta-te, porque a Teresa diz: senta! Siadaj!
Os nomes dos animais também vai dizendo conforme lhe apetece. Prefere dizer lew a leão, mas prefere macaco a małpa. Leite diz mleko, flores diz em português e sol também. Mas se dissermos estas palavras em polaco, percebe perfeitamente. Há poucos dias apercebi-me que sempre que lhe pergunto se quer alguma coisa e não quer, responde-me em polaco: nie chcę. Esta expressão aprendeu em polaco e é sempre assim que a diz, mesmo quando a pergunta é feita em português.
A nossa forma de a ensinar não é lá muito pedagógica, mas tem a sua piada e mostra-nos como de facto as crianças têm uma capacidade excepcional para aprender línguas.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Os polacos estão condenados à tragédia

Fim-de-semana intenso, começando com surpresas de aniversário, passando por exames de polaco e terminando com baptizado de família. Tudo isto com trágicos acontecimentos em background. Como reagir a isto? Não sei. Tenho amigos que choram, por conhecerem famílias que ficaram órfãs, outros que falam em conspirações, outros que foram acender velas junto ao palácio presidencial. É complicado, a Polónia de facto é um país que está condenado às tragédias. Ao menos acabou (por enquanto) as discussões inúteis sobre Katyn, se foi genocídio, se os russos devem pedir desculpa pela enésima vez, etc. Discussões que não acabariam, um tema no qual os políticos gostam de estar sempre a remexer. Agora acabou tudo isso, chega de patetice.
Katyn parece um local assombrado para os polacos. Pela segunda vez a elite polaca terminou os seus dias por ali.

Apenas uma nota sobre os meios de comunicação portugueses. Lamento a sua nabice no que toca a estes acontecimentos. Vi com cada inexactidão nos jornais online portugueses, que nem vou comentar. Felizmente li os polacos e sei como foi tudo na realidade. Os jornalistas portugueses deviam ter vergonha da sua ignorância e deviam estudar um pouco melhor os factos antes de os apresentarem. Digo eu, que sou formada em comunicação social e cada vez mais tenho vergonha da classe jornalística no meu país natal.