domingo, 21 de fevereiro de 2010

Quem é (o) Dâmaso?

Quando fui à ópera ver o Straszny Dwór, houve um pormenor que me chamou a atenção. Havia uma personagem chamada Damazy - Dâmaso, em português. Era um nobre que andava todo empinocado, cheio de cuidados, que contrastava obviamente com os heróis da ópera: outros nobres que se juntaram ao exército para lutar contra o invasor inimigo. Estes aparecem como corajosos, homens a sério, enquanto que o Damazy é um tipo superficial, com a mania que é bom e manhoso.
Lembre-me muito na altura do Dâmaso Salcede, do Eça de Queiroz. Apesar destas duas personagens serem obviamente muito diferentes, não pude deixar de reparar em algumas semelhanças - sobretudo no ridículo. Será que no séc. XIX "ser Dâmaso" significava alguma coisa?

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Neve, neve e mais neve!

De facto, neste momento na Polónia só se vê é neve. As temperaturas subiram e ficaram propícias a nevões. Nos últimos tempos já fiquei com o carro preso na neve algumas vezes, mas felizmente com algum jeitinho consegui sempre sair dessas situações. Também já experimentei a sensação pouco simpática de os travões não funcionarem tão bem como antes, mas graças a Deus sem consequências graves. Há pilhas de neve mais altas do que eu e há sítios por onde já nem me atrevo a passar, a não ser que queira encher a roupa toda de neve. O reverso da medalha é que temos direito a um Inverno branquinho, o que dá mais alento do que o Inverno cinzentão de quando não há neve. Giro, giro, foi ter visto o Vístula congelado! Olhava-se para ele e era uma massa branca de uma ponta à outra. Depois derreteu e voltou a ver-se a água, mas no domingo quando passámos a ponte estava tudo branco outra vez.

A vista de uma das pontes sobre o Vístula.

Uma estrada fora de Varsóvia no Domingo de manhã.

Um grupo de pessoas a andar em trenós puxados por um tractor, brincadeira típica no campo.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Dia de sorteio

Sábado de manhã ia eu muito bem de carro pela rua Żwirki i Wigury, que liga o aeroporto mais ou menos ao centro da cidade, e vejo em cada candeeiro três bandeirinhas: uma da Polónia, uma com o logo do Euro 2012 e uma da Ucrânia. Pensei logo que haveria alguma coisa, ou que alguém importante chegasse naquele dia. Afinal foi dia de sorteio para as eliminatórias do Euro e diz que o Queirós esteve por cá. Alheada como estou, se não fosse pelas bandeirinhas, nem tinha dado por nada...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Uma ópera polaca

Ontem fui à ópera. Já não ia desde antes da Teresa nascer. Lembro-me que quando faltava um mês para o fim do tempo, fomos várias vezes (cheguei a ir de almofadinha, para ver se ficava mais confortável, por causa do barrigão). Talvez por isso a Teresa goste tanto de música. Desta vez, fomos ver uma ópera de um compositor polaco, Stanisław Moniuszko, chamada Straszny Dwór (a mansão assombrada). É uma obra muito conhecida na Polónia, mas pouco no estrangeiro. Do que percebi, isto deve-se ao facto de na altura ter sido abafada. Apesar de não ser este o enredo principal, numas entrelinhas muito óbvias podemos ler a exaltação de valores, como o amor à pátria e à Igreja Católica. Moniuszko viveu no séc. XIX, numa altura em que a Polónia estava repartida pela Rússia, Áustria e Prússia. Ora, neste contexto político, uma ópera polaca que exaltasse estes valores não era propriamente bem vista. Straszny Dwór estreou em Varsóvia em 1865, mas não passou das três apresentações. O czar da Rússia não gostou e apressou-se a censurá-la. Moniuszko acabou por morrer sem nunca mais ver o seu trabalho em cena.
A história da Mansão Assombrada é engraçada e em geral pareceu-me tudo muito bem feito, cenários, roupas, etc. Para um estrangeiro tem piada, porque apresenta um pouco da Polónia do séc. XIX, tradições, costumes, etc. Gostei sinceramente. Saliento apenas um momento no VI acto em que dançaram uma mazurca, dança típica polaca, ritmada, que se popularizou bastante precisamente no séc. XIX. Foi um dos melhores momentos do espetáculo.