terça-feira, 26 de julho de 2011

A Janela da Vida

Há uns meses contaram-me que uma polaca que conheci há vários anos tinha e com quem actualmente não tenho contacto tinha adoptado uma criança. Ela estava casada há uns seis ou sete anos, mas sem filhos. Decidiram então adoptar um bebé e neste momento têm uma pequena Lúcia, que não sei se já terá sequer um ano. Quem me contou isto acrecentou ainda que a bebé tinha sido adoptada através da "Janela da Vida". Como nunca tinha ouvido falar nisto antes, perguntei-lhe do que se tratava. Explicou-me que alguns conventos - à semelhança do que acontecia antigamente, quando os pais que não podiam criar os filhos os deixavam à porta dum convento - têm uma coisa chamada "Janela da Vida", onde as mães deixam os bebés que não podem criar e o convento recolhe-os. Fiquei muito surpreendida, pois pensei que este costume já não existisse. Curiosamente algumas semanas depois esbarrei com um artigo numa revista sobre isto. Ao que parece contam-se pelos dedos os conventos que tèm estas "Janelas da Vida", ou até nem isso. Há um em Varsóvia, em Cracóvia e em outras cidades da Polónia. Numa parede do convento há um buraco com uma janela para dentro e uma para fora. No meio há um sítio próprio para deitar o bebé. Quem o quiser deixar, abre a janela de fora, coloca-o nesse compartimento intermédio e fecha a janela. No momento em que alguma criança lá é colocada, a pessoa responsável pela Janela recebe um sinal num aparelho tipo beeper e vai logo lá buscar o bebé. O quarto no qual está essa janela está equipado com todo o material necessário para prestar os cuidados primários ao bebé e a pessoa responsável - pelo menos a de Varsóvia, que foi o caso descrito na revista - tem a formação adequada para tratar dele. Quando aparece uma criança nova há uma série de formalidades que têm de ser cumpridas: telefona-se para a polícia, que vem tomar conta da ocorrência, e em seguida vem uma ambulância que leva o bebé ao hospital para verificar o seu estado de saúde. Depois de tudo isto - não sei ao certo quanto tempo depois - o bebé é encaminhado para um orfanato, de onde será posteriormente entregue para adopção. Durante todo este processo não se faz nenhuma tentativa de localizar os pais. Confesso que achei isto bastante interessante, pois nunca pensei que existisse algo do género.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

No Zoo

No fim-de-semana fomos ao Jardim Zoológico de Varsóvia. Já há que tempos que lá queria ir. Estive lá uma vez, mas a Teresa era ainda muito pequena para apreciar os animais. Desta vez achou muito mais piada. Já me tinha esquecido de como o Zoo é enorme e como se andam quilómetros lá dentro. Pelo meio encontram-se espaços verdes, bancos para sentar (uff!) e até mesas para fazer piquenique. Fui para lá a achar que íamos passar uma, duas horas no máximo e só depois percebi que as pessoas vão para lá para passar o dia. Fomos com uns amigos que ficaram lá seis horas!!... Nós não aguentámos tanto, sobretudo por causa das crianças: uma delas estava a adormecer às cavalitas do pai e a outra, que ainda está na barriga da mãe, estava a deixá-la de rastos. Tive pena de não conseguirmos ver tudo o que queríamos, mas de facto tem de se ir bem apetrechado. E de facto penso que não é um passeio para se fazer em grupo, mas cada família sozinha, para poder ir no seu ritmo, parar quando for preciso e avançar quando for possível.
O Jardim Zoológico pareceu-me bem arranjado. Havia filas grandes para as bilheteiras, mas o mais cómico é que num dos lados havia uma fila enorme onde as pessoas, mal chegavam, se punham, achando que era para a bilheteira. Só que essa fila era... para o multibanco!! Então várias pessoas passaram uma meia hora nessa fila para descobrirem que estavam no sítio errado e depois passarem outra meia hora na filha para a bilheteira mesmo. Nós felizmente não caímos nessa asneira. A variedade de animais é grande e interessante. Claro que não há golfinhos, nem leões marinhos como em Lisboa, mas há muitos outros que fazem as delícias das crianças. Dentro do Zoo há vários locais onde se pode comprar comida e bebidas. Houve uma zona por onde passei que me cheirou à infelizmente já extinta Feira Popular de Lisboa. Não é muito agradável passar por uma nuvem de fumo mal cheiroso, mas apesar do cheiro ser mau, trouxe-me recordações boas da minha infância.
Em termos de infraestruturas há uma falha grande no Zoo: não há estacionamento, nem nada que se pareça com isso. Por isso, os carros têm de estacionar nos passeios ou entrar por outras zonas proibidas. Claro que a polícia anda à caça de multas e vi lá vários reboques (felizmente não chegaram a nós). A alternativa é ir de transportes públicos, o que no regresso se torna pouco agradável, sobretudo quando estamos exaustos.
Para concluir, para quem tem filhos uma ida ao Zoo é sempre uma alegria e uma lição viva de ciências. Assim uma vez por ano ou de dois em dois anos vale a pena lá ir. Já agora, recomendo uma espreitadela ao site do Zoo, onde se podem ver imagens em directo de alguns animais.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Palavras Cruzadas

Ontem pela primeira vez estive a fazer palavras cruzadas em polaco. Claro que não consegui chegar ao fim (até porque a grelha era daquelas enooormes), mas consegui descobrir várias palavras sozinha. Viva eu! :P

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Quando os filhos ensinam os pais

Ontem a Teresa estava a ver um livro com o pai e ia dizendo o que estava a ver. Eu, ao longe, ia ouvindo as palavras que ela dizia, mas a certa altura ela diz:
- To jest rąb.
- Tak, to jest rąb. - confirmou o pai.
E eu, feita parva, sem saber o que significava aquela palavra. Pela primeira vez ouvi a minha filha dizer algo em polaco cujo significado era para mim desconhecido. Ontem, graças a ela, fiquei a saber que rąb significa losango.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Há com cada uma...

Volta e meia algumas pessoas contactam-me porque querem ir a Portugal ou, mais frequentemente, porque conhecem alguém que vai lá e pedem-me informações. Onde ficar, o que visitar e outras do estilo. Ontem, por acaso, duas pessoas pediram-me informações deste estilo, mas uma delas de forma algo inesperada. A secretária de uma empresa de traduções para quem fiz recentemente um trabalho telefonou-me no fim do seu horário laboral (mas ainda do telefone da empresa) a dizer que vai de férias para Portugal e não sabe o que vale a pena ver. O mais estranho foi durante o tempo todo ela ter-me tratado como se fosse uma amiga qualquer dela, usando linguagem bastante coloquial e tudo. Digamos que fiquei muito surpreendida, até porque com esta agência contactei apenas uma vez, ou seja, há agências com quem tenho muito mais contacto e cujos funcionários poderiam ter comigo este tipo de à-vontade. Mas esta senhora foi uma revelação total. Bem, ao menos espero que tenha ficado elucidada...

terça-feira, 12 de julho de 2011

Diálogo bilingue

Uma bela manhã, depois de acordar, a Teresa decide ir para o quarto dos pais. Ao ver como o pai continuava a dormir em vez de ir para o trabalho, decide chamá-lo à atenção e mandá-lo logo para o banho.

- Tata, idź kąpać.  (Pai, vai banho)
- Nie, "Tata, idź się wykąpać".  (aqui o pai corrige a frase dela: "Pai, vai tomar banho")
- Tata, idź wy-się-kąpać. (basicamente baralhou-se toda)
- Nie, "idź się wykąpać". (nova tentativa de correcção)
- Tata, vai tomar banho!!

E assim se resolvem os impasses linguísticos.

domingo, 10 de julho de 2011

Distâncias

Se há uns anos já me tinha começado a habituar às grandes distâncias de Varsóvia, confesso que agora há alturas em que me cansam. Só de pensar, por exemplo, que tenho de ir a casa de uns amigos - que na perspectiva de Varsóvia até nem moram longe - cuja viagem de carro demora uns 20 minutos, começo logo a perder a vontade (o que falar daqueles que moram a 30 ou até 50km de nós!!...). Varsóvia é enorme e realmente estou muito contente por raramente ter de sair aqui do bairro. Nem consigo imaginar aqueles que todos os dias demoram horas para ir de casa para o trabalho e vice-versa!... Agora vou-me arranjar, porque vamos ter de nos meter no carro e fazer uns quantos quilómetros dentro da cidade. Bom Domingo!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Julho, mês de... galochas!!

Estou a viver um dos piores Verões da minha vida (no que diz respeito à meteorologia, entenda-se). Hoje a Teresa acabou de tomar o antibiótico que a pediatra lhe receitou na semana passada. Como chove e está mau tempo, com a filha debilitada não dá para fazer grandes passeatas. Mesmo assim, fartas de estar em casa, ontem decidimos aventurar-nos pela chuva dentro. Claro que poucos minutos depois de estar na rua, a pequena já tinha os pés todos molhados... Fomos então comprar-lhe umas... galochas!! Sim, em Julho, fomos comprar galochas - e por uma questão de necessidade urgente!! Só não comprei para mim também porque não encontrei. Cheguei a casa com os pés todos molhados. A Teresa, depois de ter posto as galochas, ficou toda contente a saltar nas poças de água. Basicamente adorou. Nestes dias só consigo pensar: se isto agora já é assim, como será no Outono??
Aparte disto, andam a arranjar algumas ruas de Varsóvia que estavam com o piso mau ou eram demasiado estreitas. Algumas já estão prontas e devo dizer que o resultado é muito bom. Gosto da forma rápida como se arranjam as estradas por aqui. Desde que vim para cá já nem sei dizer a quantidade de ruas que foram melhoradas e como ajudaram ao trânsito da cidade. É um ponto muito positivo.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Satisfação

É o que sinto quando cozinho alguma coisa que em Portugal seria super banal, mas aqui deixa os meus convidados deliciados! :)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Excelente início de mês

Chegou Julho, com chuva puxada a vento e frio... E chamam a isto Verão?? Na Polónia sim. Aquecimento global no seu melhor.