quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Ganhou 28 milhões de zlótis no totoloto polaco

Esta semana havia um grande prémio em jogo no totoloto, de 52 milhões de zlótis. Nós ainda jogámos uma quantia simbólica só por piada. Ontem, as notícias diziam que havia dois vencedores, um deles em Varsóvia. O mais curioso é que esse tinha entregado o boletim aqui perto. Hoje fiquei a saber que precisamente esse sortudo trabalhava no call-center da empresa do Stas!!! Entretanto já se despediu e, ao que parece, publicou no facebook fotos do boletim vencedor e anda a contar a toda a gente que ganhou. Pobre rapaz, cheira-me que o dinheiro vai desaparecer bem mais depressa do que ele pensa...

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

10 anos da Wikipedia polaca

A Wikipedia polaca faz 10 anos. Por causa disto fiquei a saber uma coisa interessante: para além da versão normal em polaco, existem ainda duas wikipédias em dialectos da Polónia. Uma delas, a Ślunsko Wikipedyjo, escrita no dialecto falado na região da Silésia, a sudoeste da Polónia, e a outra, a Kaszëbskô Wikipedijô, escrita no dialecto falado na região da Cassúbia, a noroeste.
Aqui fica um print screen da página inicial de cada uma delas.



Nota: Imagino que para o comum dos mortais mostrar estas páginas, ou a página da Wikipedia polaca é exactamente a mesma coisa. Para quem conhece algo da língua polaca, isto até tem a sua graça, porque vêem-se diferenças notáveis. Assim à primeira vista, fico com a sensação que o dialecto da Silésia é mais semelhante ao polaco do que o da Cassúbia.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Tradução dos nomes

Como é possível que Lourenço em polaco se diga Wawrzyniec e que o nome polaco Wojciech em português corresponde a Adalberto??

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Quando o cérebro começa a baralhar línguas

Noutro dia telefonaram-me de uma agência de traduções a perguntar se eu podia ir fazer tradução simultânea numa formação. A tradução devia ser feita para espanhol. Se fosse há uns anos atrás, não havia qualquer problema, tinha dito logo que sim. No entanto, infelizmente tive de recusar o trabalho. Acontece que, desde que estou na Polónia, tenho tido mais dificuldade em falar línguas como o espanhol ou inglês. Como o meu dia-a-dia gira à volta do português e do polaco, não é fácil de repente passar para outra língua. Nos últimos anos, sempre que por qualquer motivo tenho de falar outra língua, dou por mim a meter palavras polacas pelo meio e a baralhar tudo. Por causa desta falta de treino não me senti capaz de fazer essa tradução.
Mas o pior de tudo é quando estou a falar português e de repente salta-me uma palavra polaca para a boca. Já me aconteceu em Portugal em várias situações, mas deu sempre para disfarçar de tal modo que as pessoas com quem estava a falar não deram por isso. Aqui em casa, por exemplo, quando estamos a falar português, às vezes meto uma palavra polaca pelo meio (normalmente palavras que não há em português, ou que em polaco resultam melhor em determinado contexto), outras vezes "aportugueso" algum termo polaco concreto. Por exemplo, quero referir-me aos prédios de vários andares típicos do comunismo, chamados coloquialmente "blokowisko", mas no plural; então faço à portuguesa e no fim acrescento um "s" (neste caso ficaria "blokowiskos"). O que nunca me tinha acontecido foi, como ontem, aportuguesar uma palavra sem me dar conta disso e dar por mim a dizer uma frase sem sentido nenhum. Tratava-se da palavra "pan", que significa senhor. Tínhamos acabado de falar com um senhor, de quem eu não me lembrava, mas o Stas sim. Depois deste se ausentar, comentei em português que não me lembrava do dito senhor. Só que, como a conversa anterior tinha sido em polaco, dei por mim a dizer: "Não me lembro deste pão"... Mal as palavras me saíram da boca, percebi a asneira que tinha dito (até porque o senhor, coitado, nem era nenhum pão...) e fiquei muito surpreendida como é que o meu cérebro me pregou uma partida destas. Vulnerabilidades linguísticas. Agora estou à espera para ver qual será a próxima. O mais curioso disto tudo é que a minha filha não tem estas baralhações como eu. Ou fala português, ou fala polaco, ou mistura, mas nunca aldraba as palavras destas maneiras.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Afinal, a Polónia também é um país pequeno

Ontem à tarde, depois de regressarmos do infantário, parámos no parque infantil para gastar ainda mais umas energias. Apareceu uma menina com quem a minha filha em pouco tempo começou a brincar. Como é costume dela, ia falando e volta e meia dirigia-se a mim dizendo algumas coisas em português. De repente, a mãe da outra criança vira-se para mim e diz: "Ela está a falar português!". Fiquei muito surpreendida e respondi-lhe que sim. Normalmente as pessoas pensam que é espanhol, ou outra língua parecida, mas nunca ninguém acerta que é português. (Noutro dia, por exemplo, quando estava no centro de saúde à espera de ser atendida estava a ler um livro em português e a senhora do lado - que já tinha metido antes conversa comigo - perguntou se era francês ou espanhol.) Vim então a saber que a mãe da nova amiguinha da minha filha formou-se em língua portuguesa! Do que percebi estava mais familiarizada com a versão brasileira, pois até tinha vivido no Brasil durante uns meses. Mas das poucas coisas que a Teresinha disse (ainda por cima com sotaque de criança pequena) conseguiu captar logo em que língua ela estava a falar. Diz-me essa senhora a certa altura: "Engraçado como o mundo é pequeno!". É bem verdade! E para o comprovar contei-lhe ainda que a minha vizinha de cima casou com um brasileiro e tem um filho também bilingue (só que esses moram no Brasil e ela só esporadicamente vem cá passar alguma temporada com a criança - por acaso agora está cá). Ou seja, não só no meu prédio há duas famílias ligadas à língua portuguesa, como no prédio ao lado vive uma senhora que domina o português! Afinal de contas, a Polónia também é um país pequeno.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O mistério das quadrículas

Com o regresso às aulas, o que mais se vê à venda nos grandes supermercados é material escolar. Há dias passei num hipermercado e lembrei-me de dar um salto à enorme secção em destaque com cadernos, canetas, estojos, etc. Queria comprar um caderno A5 de linhas, com argolas, ao estilo daqueles da Agata Ruiz de la Prada (mais grossos do que o normal). Não sei precisar a quantidade de cadernos que vi espalhados pelos expositores, mas eram mesmo muitos. Uns fininhos, outros com mais páginas, capa dura e lombada e outros com argolas, como eu queria. Devo ter pegado em praticamente todos os cadernos com argolas que por ali vi e... eram todos quadriculados!! Nem um liso, nem um de linhas! Comecei a achar aquilo muito estranho, então embrenhei-me mais na procura, indo até à secção habitual de materia escolar confirmar que não havia lá nada escondido. Mas não. Só quadrados, quadrados, quadrados. As linhas devem ter ficado esquecidas algures. Nesse dia fiquei a saber - por experiência própria e por ter perguntado a alguém depois - que os miúdos nas escolas usam sobretudo cadernos de quadrados. Porque será?? E eu continuo em busca do meu caderninho de linhas.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Comida de escola

É certo e sabido que as comidas de escola ou de cantinas nunca são grande coisa. Acredito que haja excepções, mas regra geral são sempre meio sem graça. Estive a ver a tabela com as refeições da minha filha no infantário e confesso que o coração ficou um bocadinho pequenino. Ela não se queixa e do que tenho sabido até come tudo (ou quase). Se gosta ou não, não sei, mas que come porque não tem outra opção e está cheia de fome, lá isso é verdade. Até agora, sempre que chega a casa, mesmo depois de lanchar lá, vem com um apetite voraz.
Algumas das refeições servidas até não são más, mas há outras...!! Até o meu marido, polaco, diz que são uma porcaria. Talvez estejamos todos mal habituados, pois aqui em casa predomina a cozinha portuguesa e raramente comemos coisas tipicamente polacas. Agora na escola, ela vai ter de se habituar a novos sabores. Enquanto não se queixar, tudo bem. Tenho é de começar a investir mais nos lanches pós-infantário.

PS - Não quero com isto dizer que a cozinha polaca seja má, simplesmente a conjugação que fazem neste infantário não nos parece das mais felizes... Felizmente não é assim todos os dias.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O primeiro dia no infantário!

Hoje, dia 1 de Setembro, é um dia muito importante na Polónia. Não, não me estou a referir ao aniversário da invasão da Alemanha que despoletou o início da IIª Guerra Mundial. Hoje é o dia em que começa a escola em todo o país. Foi, por isso, também o primeiro dia de infantário da nossa pequena Teresa. Eu aguardava este dia com alguma expectativa, pois não fazia ideia de como ela iria reagir. Lembro-me bem do meu primeiro dia e lembro-me de passar o tempo todo a chorar à espera da minha mãe. O meu maior terror era ela ter um dia igual. Para além disso, sendo a primeira filha e tendo estado comigo até aos três anos, previ logo que para mim não ia ser fácil. Ontem à noite recebi um sms gozão, em que me diziam que eu me ia fartar de chorar. Claro que me ri, mas achei que seria mesmo assim. O Stas preparou tudo de véspera com ela: a roupa, o saco para levar, o ursinho de peluche que lhe iria fazer companhia, etc. Hoje, quando acordou, foi só pegar no que já estava pronto e arranjou-se num instante. Estava entusiasmada, porque sabia que ia brincar com outras crianças. Quando chegámos à porta do infantário, cruzámo-nos com uma mãe que saía apressada, bem vestida, com ar de quem ia para o trabalho, e a limpar as lágrimas que discretamente deixara escapar. Fiquei logo com o coração apertado, a pensar se me iria acontecer o mesmo. Descobrimos o lugar para a Teresa deixar as suas coisas (ela decorou logo onde era), ajudámo-la a tirar os sapatos (eles cá andam de pantufas na escola) e o casaco, porque ela estava ocupada a olhar para tudo o que havia naquela divisão. Depois fomos juntos até à sala, onde ela encontrou logo uns brinquedos que lhe interessaram. Quisemos ainda ir mostrar-lhe onde era a casa-de-banho, mas foi difícil arrancá-la da sala; não queria sair de lá!! Tinha tanta coisa nova e interessante! Mostrámos-lhe onde era e depois voltámos aos brinquedos. Entretanto a Irmã responsável pelo grupo apareceu e deu-lhe a mão. Disse-lhe para se despedir dos pais, o que ela fez, meio envergonhada, meio sem saber muito bem o que ia acontecer. E depois saímos. Ouvimos ainda uma criança a chorar imenso, mas ela não chorou. Olhou para ela, viu o que se estava a passar, mas não se deixou contagiar. Acho que no fundo ela sabe sempre que os pais vão voltar (regra geral nunca chora em situações de separação).
As horas que foram desde o momento em que a deixámos lá até ao momento em que a fomos buscar (umas meras três e meia, por ser o primeiro dia) foram longas. É estranho de repente voltar a ter tempo livre. Despachei o meu trabalho mais rapidamente, fui fazer compras, arrumei a cozinha e ainda tive tempo para não fazer nada. Claro que isto é tudo temporário, até o maninho vir cá para fora. Foi uma sensação nova, sobretudo quando fui às compras, ir sozinha, sem a minha companheira habitual. Quando a fomos buscar, lá estava ela, a acabar de almoçar tranquilamente. Ficou toda contente de nos ver, mas depois queria voltar para a sala e ficar a brincar. Explicámos que no dia seguinte iria voltar e que era altura de ir para casa. No caminho disse-nos que gostou e que o ursinho também gostou. Esperemos que nos outros dias também seja assim.

Entretanto, nas ruas por onde passei hoje de manhã vi várias crianças e adolescentes, todos vestidos com o habitual traje elegante polaco (ou seja, camisa branca e calças/saia escura) para o primeiro dia de escola. Eles fazem sempre isto no primeiro e no último dia. É um espectáculo diferente do habitual, ver tantos miúdos vestidos desta forma (até os pequenos da primária usam estas cores soturnas!), em sítios tão aleatórios. Assim assinalam eles o início de mais um ano lectivo. E este ano, pela primeira vez - apesar de nos termos vestido "coloridos" - nós também.